Caiu com o Ombro no Chão? Você Pode ter Sofrido uma Luxação Acromioclavicular
- Dr. Leonardo Moraes

- 3 de nov.
- 3 min de leitura
Uma queda aparentemente inofensiva durante um treino, pedalada ou até uma partida de futebol pode esconder algo sério. Se, após o impacto, você sentiu dor no ombro, dificuldade para levantar o braço e percebeu um “carocinho” na ponta da clavícula, é hora de ligar o alerta. Esses sinais podem indicar uma luxação acromioclavicular, uma lesão muito mais comum do que se imagina e frequentemente subestimada pelos pacientes. Ignorar esse problema pode transformar uma lesão simples em uma complicação de longo prazo.
Neste artigo, você vai entender o que é a luxação acromioclavicular, como ela acontece, seus sintomas, opções de tratamento e formas de prevenção.
O que é a Luxação Acromioclavicular?
A articulação acromioclavicular conecta a clavícula ao acrômio, localizado na parte superior do ombro. Ela é responsável por dar estabilidade e permitir o movimento harmonioso dessa região. Quando ocorre um impacto direto, geralmente em quedas sobre o ombro ou com o braço esticado os ligamentos que estabilizam a articulação podem se romper. Como resultado, a clavícula se projeta para cima, formando uma saliência visível que muitos confundem com um simples inchaço.
Por Que Essa Lesão é Mais Comum do que Parece
Quedas e impactos são frequentes em diversos cenários do dia a dia e no esporte. Situações que podem causar a luxação acromioclavicular incluem:
Acidentes durante treinos de CrossFit ou musculação;
Quedas de bicicleta ou skate;
Lesões em esportes de contato, como futebol e artes marciais;
Acidentes domésticos com apoio inadequado no braço.
O problema está em acreditar que se trata apenas de uma pancada. Muitas pessoas continuam suas atividades sem buscar avaliação médica, retardando o diagnóstico e comprometendo a recuperação.

Sintomas da Luxação Acromioclavicular
Os sinais mais característicos incluem:
Dor intensa no ombro, especialmente ao tentar levantar o braço;
Saliência visível (“caroço”) na ponta da clavícula;
Inchaço e sensibilidade local;
Perda de força para atividades simples, como segurar objetos;
Em casos graves, alteração estética evidente e dificuldade de movimento.
O diagnóstico precoce é essencial para diferenciar a luxação de outras lesões, como fraturas ou rupturas ligamentares mais complexas.
Classificação da Luxação
A luxação acromioclavicular pode ser classificada em diferentes graus, dependendo da extensão da lesão nos ligamentos:
Grau I: apenas distensão ligamentar, sem alteração visível;
Grau II: ruptura parcial dos ligamentos, com discreta elevação da clavícula;
Grau III: ruptura completa, com deslocamento evidente da clavícula;
Graus IV a VI: casos raros e mais graves, com deslocamentos complexos que quase sempre exigem cirurgia.
Essa classificação orienta o tipo de tratamento mais indicado para cada paciente.
Tratamento: Conservador ou Cirúrgico?
O tratamento depende da gravidade da lesão, nível de atividade física e expectativa estética do paciente.
Casos leves (graus I e II):
Imobilização temporária com tipoia;
Uso de gelo e medicação anti-inflamatória;
Reabilitação com fisioterapia para recuperar força e mobilidade.
Casos moderados a graves (grau III em diante):
Se houver perda funcional significativa ou incômodo estético, pode ser indicada cirurgia para reconstrução ligamentar;
A cirurgia reposiciona a clavícula e restabelece a estabilidade da articulação;
Após o procedimento, o paciente passa por fisioterapia para retorno gradual às atividades.
O ponto crucial é: quanto antes for diagnosticado, mais rápido será o tratamento e menores os riscos de complicações.
O Risco de Ignorar os Sintomas
Adiar a busca por atendimento pode trazer consequências sérias:
Instabilidade crônica no ombro;
Perda de força em atividades esportivas ou do dia a dia;
Dor persistente em longo prazo;
Alterações estéticas permanentes;
Necessidade de cirurgias mais complexas no futuro.
Por isso, qualquer sinal de saliência ou dor após queda deve ser avaliado imediatamente por um ortopedista especialista em ombro.
Prevenção: Como Evitar Novas Lesões
Embora nem sempre seja possível evitar quedas, algumas medidas reduzem o risco e protegem a articulação acromioclavicular:
Aquecimento e fortalecimento dos músculos estabilizadores do ombro;
Uso de equipamentos de proteção em esportes de impacto, como capacetes e cotoveleiras;
Respeitar limites de carga durante treinos;
Corrigir postura e técnica em exercícios acima da cabeça;
Trabalhar mobilidade e flexibilidade da região.
Esses cuidados aumentam a segurança e diminuem a chance de novas luxações.
A luxação acromioclavicular é mais comum do que parece e pode surgir após quedas simples, mas que provocam dor persistente e aquela saliência característica na ponta da clavícula. O diagnóstico precoce é fundamental: ele define se o tratamento será conservador ou cirúrgico e garante melhores resultados.
Ignorar a dor ou o “carocinho” no ombro é um erro que pode custar meses de limitação. Se você caiu, sente dor e notou alteração no ombro, não adie a avaliação médica. O tratamento certo, no tempo certo, é a diferença entre voltar rapidamente às suas atividades ou conviver com restrições no futuro.

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