Caso Clínico de Prótese Reversa: Fratura de Úmero Proximal Head Split
- Dr. Leonardo Moraes

- 25 de mar.
- 2 min de leitura
As fraturas de úmero proximal, especialmente o tipo "Head Split", apresentam desafios significativos para o tratamento ortopédico, principalmente em pacientes com idade avançada e comprometimento prévio da função muscular. A prótese reversa tem se mostrado uma solução eficaz nesses casos, oferecendo melhor estabilidade e funcionalidade ao ombro. Este caso clínico aborda um paciente que sofreu uma fratura grave em um acidente na fazenda, levando à necessidade de intervenção cirúrgica com prótese reversa para restaurar a mobilidade e melhorar a qualidade de vida.
Descrição do Caso
Histórico do Paciente
Paciente sofreu um acidente com gado em 06/07/2022.
Apresentava dor intensa, edema, crepitação e limitação de movimentos no ombro direito.
Neurovascular preservado e presença de equimose.
Portador de mielodisplasia, sem antecedentes cardiovasculares.
Faz uso de ácido fólico, prednisona, antidepressivo e cálcio.
Histórico de lesão do manguito rotador antes da fratura.
Exames Complementares
Leucocitose de 15.800 (19 bastões).
EAS com 59.700 leucócitos e flora bacteriana intensa (indicativo de infecção urinária).
Após tratamento, EAS apresentou melhora, com 14.600 leucócitos (11 bastões).


Opções de Tratamento
Diante da gravidade da fratura e das condições pré-existentes, foram consideradas as seguintes opções de tratamento:
Tratamento conservador
Pinagem
Haste intramedular
Placa bloqueada
Hemiartroplastia
Prótese total
Prótese reversa
Decisão de Tratamento
Foi optado por artroplastia reversa devido a:
Idade do paciente
Atividade do paciente
Insuficiência do manguito rotador
Ausência de lesão neurológica do nervo axilar
Procedimento Cirúrgico
Data da cirurgia: 12/07/2022
Implantes utilizados:
Base plate small
Glenosfera 36
Corpo proximal com haleta
Abordagem técnica:
Cimentação e lateralização foram consideradas para garantir melhor estabilidade
Redução anatômica das tuberosidades



Evolução Pós-Operatória
O paciente apresentou boa evolução inicial, porém enfrentou complicações:
Setembro de 2022
Após deambular com andador, apresentou dor e limitação de movimento.
Hipótese de infecção ou instabilidade mecânica foi considerada.
Realizada manobra de redução incruenta em 26/09/2023 e imobilização em tipoia.
Novembro de 2023
Paciente retornou ao consultório com:
Queixa de limitação de movimentos
Mão-boca: OK
Mão-cabeça: Negativo
Deformidade de ombro presente
Sem alteração neurovascular
Deltoide funcionante
Revisão de Prótese Reversa
Exame ENMG indicou sinais de plexopatia braquial crônica e difusa, sem comprometimento muscular.
Decisão por revisão da prótese reversa com lateralização para melhor recrutamento das fibras do deltóide.
Cirurgia de revisão realizada em 02/02/2023 após estabilização hemodinâmica.
Resultado
Após a revisão da prótese, o paciente apresentou:
Recuperação funcional satisfatória
Movimentos mão-boca e mão-cabeça preservados
Ausência de dor e de sinais de infecção
Este caso destaca a importância da avaliação minuciosa em pacientes com fraturas complexas de úmero proximal, especialmente em indivíduos com comprometimento funcional pré-existente. A artroplastia reversa mostrou-se uma solução eficaz para restaurar a função e proporcionar qualidade de vida ao paciente.

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