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Caso Clínico: Desafios e Soluções na Artroplastia Reversa do Ombro em Paciente com Artrite Reumatoide

Este caso clínico ilustra a complexidade de um paciente com artrite reumatoide que evoluiu para artrite glenoumeral avançada, tendo passado por múltiplos traumas e intervenções, culminando na necessidade de uma artroplastia reversa do ombro e, posteriormente, no manejo de complicações pós-operatórias.


Histórico do Caso e Antecedentes


No dia 30/07/2022, um paciente com antecedentes de artrite reumatoide, arritmia, obesidade, artroplastia de quadril, artrodese lombar e uso crônico de corticosteróides sofreu uma queda da própria altura no banheiro. Em decorrência do acidente, o paciente apresentou dor no cotovelo esquerdo e no ombro direito.


  • Ombro direito: O paciente relatava dor na elevação do braço, com desconforto em movimentos como "jobe" e "patte", além de sensibilidade à palpação na região subacromial.

  • Cotovelo esquerdo: Houve dor local associada a um déficit na extensão.


Avaliações Diagnósticas Iniciais


Exames de imagem foram realizados para melhor avaliação:


  • Ressonância Magnética (RM) do Ombro Direito (29/08/2022): Identificou lesão parcial do tendão supraespinhal.

  • RM do Cotovelo Esquerdo (22/08/2022): Constatou-se lesão completa do tríceps distal.


O paciente foi submetido a reparo primário do tríceps distal em 05/10/2022. Em 03/02/2023, embora o cotovelo estivesse sem dor, foi constatada perda de força na extensão, e o paciente passou a relatar dor intensa no ombro direito, acompanhada de sinal de impacto subacromial.


Evolução e Reavaliação do Ombro Direito


Novas avaliações de imagem foram solicitadas:


  • RM do Ombro Direito (02/2023): Revelou artrose glenoumeral avançada, com perda da esfericidade da cabeça do úmero e presença de corpos livres articulares.

  • TC do Ombro Direito (03/2023): Confirmou osteoartrite glenoumeral avançada, com deformidade na superfície articular do úmero e glenóide, derrame articular e corpos livres, além de sinais de fraturas na porção anterior e posterior da glenoide.


Diante da dor intensa, da falha do tratamento conservador e do significativo déficit funcional, optou-se pela indicação de artroplastia reversa do ombro.


A Artroplastia Reversa do Ombro


Em 31/03/2023, foi realizada a artroplastia reversa do ombro utilizando os seguintes componentes:


  • Bandeja excêntrica

  • Esfera glenoidal de 36

  • Haste umeral de 13

  • Inserto reverso +6

  • Base plate reversa small


Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado para fisioterapia com o objetivo de recuperar a funcionalidade da articulação e reduzir a dor.


Reavaliação do ombro através de exames de imagem
Reavaliação do ombro através de exames de imagem.
Reavaliação do ombro através de exames de imagem
























Complicação Pós-Operatória: Fratura do Acrômio


No dia 19/05/2023, após um episódio em que o paciente tentou segurar uma panela que estava caindo, passou a relatar dor na face posterior e lateral do ombro direito. As hipóteses diagnósticas incluíam uma fratura do acrômio, uma complicação reconhecida após artroplastia reversa, principalmente em populações de risco.


  • Exames Solicitados: Uma nova tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) do ombro demonstraram uma fratura do acrômio sem desvio.


    Radiografia nova para identificar a causa das dores no ombro.
Radiografia nova para identificar a causa das dores no ombro.

Classificação e Manejo da Fratura do Acrômio


Tomografia do ombro

A radiografia de 22/06/2023, baseada na classificação de Levy, permitiu uma avaliação detalhada:


  • Fraturas laterais à face glenoidal (tipos I e IIA) tendem a ter pouco impacto nos resultados.

  • Fraturas que ocorrem na face glenoidal ou medialmente a ela (tipos IIB, IIC e III) estão associadas a piores resultados e à deterioração radiográfica progressiva.


No caso deste paciente, a fratura foi classificada como tipo III, caracterizada por inclinação escapular, entalhe progressivo e osteólise.


  • Tratamento: Optou-se pela imobilização do ombro por 4 semanas.

  • Evolução: O paciente evoluiu sem dor, com recuperação da mobilidade funcional, e uma radiografia de controle realizada em 04/08/2023 demonstrou formação de calo ósseo.









Fatores Preditivos e Cuidados Operatórios


Existem diversos fatores que podem influenciar o risco de fraturas do acrômio/espinha da escápula (ASFs) após artroplastia reversa do ombro. Estudos indicam que entre 1% a 7% dos pacientes podem desenvolver essas complicações.


Populações de Alto Risco:


  • Mulheres

  • Pacientes com artropatia crônica do manguito rotador

  • Osteoporose

  • Artrite inflamatória

  • Idade avançada


Fatores de Risco Intra e Pós-Operatórios:


  • Ângulo crítico pós-operatório elevado

  • Ângulo de lateralização do ombro pós-operatório mais alto


Esses dados sugerem que uma base lateralizada e inclinada inferiormente, associada a um design de implante umeral medializado (ou que não seja excessivamente lateralizado), podem ser protetores contra a ocorrência de ASFs.

 
 
 

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