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Lesão do Tríceps: Diagnóstico, Tratamento e Reabilitação

A lesão do tríceps é uma condição relativamente rara, representando apenas 0,8% de todas as lesões de tendão.

A lesão do tríceps braquial é uma condição relativamente rara, representando apenas 0,8% de todas as lesões de tendão. No entanto, quando ocorre, pode comprometer significativamente a função do cotovelo e do membro superior, afetando a capacidade de realizar atividades cotidianas e esportivas. Este artigo explora em detalhes a anatomia do tríceps, os mecanismos de lesão, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação pós-operatória.


Anatomia do Tríceps Braquial


O tríceps braquial é um músculo grande localizado na parte posterior do braço, responsável principalmente pela extensão do cotovelo. Ele é composto por três cabeças:



  • Cabeça longa – Origina-se da tuberosidade infraglenoidal da escápula.

  • Cabeça lateral – Origina-se da face posterior do úmero, acima do sulco radial.

  • Cabeça medial – Origina-se da face posterior do úmero, abaixo do sulco radial.


As três cabeças convergem para formar um tendão único que se insere no olecrano da ulna. Essa estrutura é essencial para os movimentos de extensão do cotovelo e para a estabilidade do membro superior durante atividades como levantar peso e empurrar objetos.


Fatores de Risco para Lesão do Tríceps


Embora as lesões do tríceps sejam incomuns, há alguns fatores que aumentam a predisposição para sua ocorrência, incluindo:


  • Doenças sistêmicas crônicas – Como hiperparatireoidismo, osteodistrofia renal, osteogênese imperfeita, artrite reumatoide e diabetes tipo I.

  • Uso de esteroides anabolizantes – Aumenta o risco de enfraquecimento e ruptura dos tendões.

  • Injeções locais de esteroides – Contribuem para a degeneração do tendão.

  • Uso de fluoroquinolonas – Está associado a um maior risco de ruptura de tendões.

  • Bursite olecraniana crônica – Inflamação crônica na região do cotovelo pode fragilizar a estrutura do tendão.


Estudos mostram que as rupturas do tendão do tríceps são mais comuns em homens entre 30 e 50 anos.


Mecanismos de Lesão


As lesões do tríceps geralmente ocorrem devido a traumas ou sobrecargas em situações específicas. Os principais mecanismos de lesão incluem:


  • Contração excêntrica forçada – Quando o tríceps é submetido a uma força de extensão enquanto está sendo alongado.

  • Queda sobre a mão estendida – O impacto pode sobrecarregar o tendão, levando à ruptura.

  • Força direta posterior no cotovelo – Trauma direto na região posterior do braço.

  • Levantamento de peso – Especialmente em exercícios como supino, onde há grande demanda sobre o tríceps.

  • Esportes de contato e resistência – Atividades como fisiculturismo e futebol americano aumentam o risco de lesões por sobrecarga repetitiva.


Sintomas e Diagnóstico


Os pacientes com lesão do tríceps geralmente relatam:


  • Sensação de estalo ou rasgo agudo na parte posterior do cotovelo

  • Dor intensa, edema e equimose (manchas roxas) na região afetada

  • Diminuição da força na extensão do cotovelo

  • Incapacidade de estender o cotovelo contra resistência em casos de ruptura completa

  • Sensibilidade e lacuna palpável sobre o olecrano


Exames de Imagem


Para confirmar o diagnóstico e determinar a gravidade da lesão, são utilizados exames de imagem:


  1. Radiografia – Útil para identificar avulsões ósseas do olecrano, conhecidas como sinal de Dunn-Kusnezov.

  2. Ressonância Magnética (RM) – Considerada o exame mais preciso para avaliar a extensão da lesão e o envolvimento das estruturas associadas.

  3. Ultrassonografia – Método alternativo que pode distinguir entre rupturas parciais e completas.


Tratamento das Lesões do Tríceps


O tratamento das lesões do tríceps depende da extensão e gravidade da lesão, além das condições clínicas do paciente.


Tratamento Não Cirúrgico


Indicado para:


  • Rupturas parciais que envolvem menos de 50% do tendão

  • Pacientes idosos ou com comorbidades que contraindiquem a cirurgia

  • Estilo de vida sedentário


Conduta:


  • Imobilização inicial em 30° de flexão por 4 a 6 semanas

  • Ajuste progressivo da flexão até atingir a amplitude total de movimento (aproximadamente 12 semanas)

  • Exercícios de fortalecimento progressivo após 12 semanas

  • Retorno completo à função entre 6 e 9 meses


Tratamento Cirúrgico


Indicado para:


  • Rupturas completas

  • Rupturas parciais com envolvimento de mais de 50% do tendão

  • Casos em que o tratamento não operatório não foi eficaz


Técnicas Cirúrgicas:


  1. Reparo cruciforme transósseo – Utiliza pontos de sutura através de perfurações no osso.

  2. Reparo com âncora de sutura – Técnica que utiliza âncoras para fixar o tendão ao osso.

  3. Reparo artroscópico – Técnica menos invasiva, mas que ainda requer mais estudos para avaliação da eficácia.


Reconstrução em Lesões Crônicas


Lesões com mais de 6 semanas de evolução podem exigir reconstrução em vez de reparo direto.


  • Enxertos utilizados:

    • Tendão de Aquiles

    • Palmar longo

    • Semitendinoso

    • Ancôneo

    • Tendão plantar


Reabilitação Pós-operatória


A reabilitação é essencial para o sucesso do tratamento cirúrgico. Os objetivos principais incluem:


  1. Proteção do tendão reparado

  2. Prevenção da rigidez do cotovelo

  3. Restauração da força e amplitude de movimento


Protocolo de Reabilitação:


  • Imobilização por 12 a 15 dias em 90° de flexão

  • Limitação da flexão passiva do ombro a 90° por 6 semanas

  • Exercícios de fortalecimento progressivo após 12 semanas

  • Recuperação total da função entre 6 e 9 meses


A lesão do tríceps braquial, apesar de rara, pode ter um impacto significativo na função do cotovelo e na qualidade de vida do paciente. O diagnóstico precoce, combinado com um tratamento adequado e um protocolo de reabilitação bem estruturado, são fundamentais para garantir uma recuperação completa e um retorno seguro às atividades físicas e esportivas.

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